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#73 – Batman: Coração do Silêncio

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“Desta vez eu atingirei Wayne direto em seu coração. Pois apenas sua completa destruição pelas minhas mãos exorcizará os demônios do meu passado.”

Essa frase define bem do que se trata essa história. Vingança atrás de vingança.
Boa noite a vocês, presumindo que queiram ler isso no clima da grande e velha Gotham. Esta é a saga “Coração do Silêncio”, escrita por Paul Dini e desenhada por Dustin Nguyen, já no novo milênio, praticamente um dos últimos passos antes do morcego entrar na saga “RIP”.
É uma história de certa forma realista, com planos e consequências bastante humanas. Não é um ás pra se jogar sozinho na mesa caso queiram apresentar o morcego a alguém, mas dentro de um bom pacote com histórias selecionadas, essa merecia ir dentro.
Mão no peito e cuidado com cada sombra, vamos lá. (“Batman: Heart of Hush”, setembro de 2008 a janeiro de 2009).

Line

001“Coração do Silêncio” foi só uma das dores de cabeça que antecederam a maior de todas que o Morcego podia ter. Uma história um tanto reveladora, que mostra um Batman deixando seus sentimento expostos a uma mulher, uma história cujo primeiro quadro já dita bem qual será o ritmo das coisas, uma corrida. Teremos a oportunidade de entender melhor o passado de Thomas Elliot, o Silêncio, e a ruína desta mesma família que, junto a dos Wayne e Cobblepot, era uma das 3 maiores de Gotham City.
A arte dessa revista tem pontos altos e baixos quase por igual. É uma arte clara de entender, sem grandes “inovações” daquelas que é tão “nova” que acaba enrolando ou atrapalhando. Organização de quadros, ações e falas bem simples e diretos. Os dois pontos negativos que peguei do Dustin nos desenhos são fáceis de perceber.
Primeiro: tudo feito com muitas retas, deixando o desenho com aparência meio quadriculada/retangular, algo como os primeiros personagens 3D dos videogames.
002Segundo: Essa parte talvez não seja totalmente responsabilidade do Dustin, mas também do colorista. Os desenhos falham no degradê entre as cores luz/sombra. Reparem que você pode praticamente traçar uma linha no local onde o colorido muda, não tem aquele efeito “fade”. Da luz para a sombra não é aquele efeito progressivo de escurecimento, você praticamente traça uma linha, pinta de uma cor onde tem que ser claro, e de outra cor onde é escuro. Tipo colagem de criança.
003Não estou condenando os desenhos do Dustin, só apontando o que notei. Ele desenha bem, e trem criatividade para as cenas, ele soube passar bem com seus traços o “sentimento” da história, tanto a frustração do passado do Silêncio quanto a raiva do Bruce no presente diante dos ocorridos. Fora que para detalhar ele deve ter perdido um bom tempo. Reparem na coronha das armas e nas marcas das bandagens do Silêncio. Fora que ele faz o esquema de “silhueta sombria” do Batman como tanto gosto. Agora começarei a narrativa da história.
Vamos começar já na correria, acompanhando um sujeito fugindo de cães. Mulher-Gato o faz escapar de terminar igual um antilope na savana. Ela dá uma chicotada na fuça do cachorro e o tal fugitivo dispara o gancho que substitui sua mão direita, agarra a Mulher-Gato pela cintura e vão para um terraço.
004O camarada já dá uma de capitão gancho com uma garra de 3 pontas no lugar da mão direita, e pra terminar de surpreender ele dispara a tal garra igual o gancho do Batman. Oh claro, era o Batman. Esse é “Knox Canhoto”, outro disfarce do morcego, assim como o Fósforos Malone.
Ele troca de roupa no alto do prédio e parte aos pulos com Selina pelos terraços de Gotham. Eles não contavam com o fato de estarem sendo observados pelo mal-caráter que deu nome e razão ao título do arco… O Silêncio. O Doutor. Thomas Elliot, herdeiro de uma das 3 maiores famílias de Gotham City.
Todos os 3 personagens principais aparecem logo nas primeiras páginas. Batman, Mulher-Gato e Silêncio. Um fará algo com outro, e o que restou vai correr atrás do prejuízo. Confuso? Que nada, até fácil demais, sigamos o curso da história.
Ocorrem duas passagem solo do Elliot. A primeira é enquanto observa o morcego e a gata, de um local próximo a um hospital. Um morador de rua o aborda, não como o morador de rua abordou o Zsasz, foi na bondade, lhe informando que o hospital estava fechado. Elliot viu um prato cheio ali. Porque? Ele está colecionando gente. Não é nada como um “Dead Human Collection”, nem nada a estilo de “Olhos Famintos”, ele está dopando diversas pessoas com algo que as deixa um tanto “estilo zumbi” e sob seu controle, e as colocando dentro do tal hospital como seus “funcionários”.
Podemos ver que seja lá o que o Elliot quer, ele pegou pesado nos investimentos. Como eu estava dizendo, essa foi a “primeira passagem” de chegada do Elliot nesse arco, a segunda logo consecutiva, é ele falando de si, de sua história e da história de sua familia.
Segundo seu depoimento para os leitores, seu pai era um ricasso de familia nobre de Gotham, que vivia desgostoso com a vida, fazendo nada, bêbado, isso quando não estava gastando milhões em alguma coisa que lhe encheu os olhos no momento, como carros, aviões, mulheres. Parece aquela raposa dos desenhos do Pica-Pau ao conseguir dinheiro: “Carros… Mulheres … Iates… Mulheres… Mansões… Mulheres…”.
006E sua mãe… Ah a mãe do jovem Thomas… Não saia das baladas com a tia do bátema. Brincadeira. A mãe do Thomas era uma mulher normal, que ficou rica ao casar com o Elliot-mor, só que ela o tempo inteiro achava que ela e seu filho deviam mostrar que merecem o status ganho tão facilmente com o casamento. Aparentemente uma mãe mais direita que o pai.
Ele deixou claro com todas as letras que ele quer a ruína de Bruce Wayne, vide a primeira citação do texto.
Os contos do Silêncio passam de quadros com imagens de antigas fotos de familia para um flashback. Aos seus 10 anos, “alterou” o freio da limousine da própria familia. Fica óbvio que o garoto além de um prodígio também era um lunático. Uma criança normal de 10 anos não teria o intuito de sabotar nem uma bicicleta, quanto mais um carro de luxo.
A sabotagem dá certo, eles sofrem um acidente, mas ele não contava com o socorro bem sucedido de Thomas Wayne. Esse é o pai de Bruce Wayne: médico, filantropo e milionário. Se também fosse “bilionario” e “gênio” teria roubado a cena do Tony Stark. Então… Graças a Thomas Wayne, a mamãe Elliot sobreviveu ao acidente.
O flasback vai parar no hospital junto ao jovem Elliot, Bruce e Thomas Wayne. Este último ficou em cima do ocorrido, falando com o detetive Bradley que avaliava o “acidente”. Rolou uma transferência de hospital da mãe do Elliot e ela foi levada para o mesmo hospital que o Silêncio já adulto comprou e abarrotou de “zumbis”. No flashback, chegou a hora do garoto ver sua mãe pós-acidente.
005No quarto a gente até se impressiona, a mulher está com bandagens no rosto exatamente igual a ele no presente. Ela o chama, diz que o Dr. Wayne está cuidando muito bem dela, perguntou se o Bruce estava lá, elogiou o jovem morceguinho, e durante as falas para encorajar seu filho puxou citações de Aristóteles por duas vezes. Por fim deu-lhe seu cordão cujo o pingente era um círculo.
O pequeno maldito então mostra a nós leitores o que ele poderia ter feito com a mãe dele. A coisa vai de chute na traqueia pra baixo. Se com 10 anos está assim, dá pra imaginar o quão podre o Silêncio é por dentro, e ao contrário da maioria dos loucos que rodeiam o Batman, esse é louco desde a infância e era tido como amigo para o Bruce.
Fim de flashback e estamos de volta à Gotham com Batman e Mulher-Gato invadindo um local onde haviam animais ilegais sofrendo maus-tratos e coisas do gênero. Um dos responsáveis foge enquanto os demais pagam nas mãos (e pés) do morcego. Mal sabe ele que correu da cruz e caiu na espada. Deu de cara com o Silêncio, e a múmia dos tempos modernos abriu fogo no sujeito. Batman finalmente viu seu nemesis deste arco.
007Silêncio diz que ele não precisa se preocupar com inimigos, pois ele não deixaria ninguém matá-lo em seu lugar. É o tipo de comentário que alguém de raciocínio lento ainda daria um sorriso feliz pela proteção e em seguida arregalaria os olhos chegando a conclusão de que o cara quer sua caveira. Silêncio dá uns tiros na direção do morcego e este reage com alguns batarangues, Silêncio diz que não é a hora do confronto final deles e foge.
Batman chega ao hospital e lá perde pro Silêncio em uma briga no escuro. O homem-Morcego perder pra um HUMANO no escuro? Tudo bem, não foi na porrada, ele levou um tiro pelas costas e ficou desacordado à mercê dos zumbis do Silêncio.


This is the rhythm of the night (8), flashback de novo, e agora estamos em um acampamento que os jovens amigos Bruce e Thomas estavam remando em um barco pelo lago. Eles conversaram sobre assunto sério, Thomas abriu o jogo quanto a seu pai, algo triste de imaginar uma criança dizendo, mas foram interrompidos pela mãe do Thomas.
008Ela ficou igual ao Retalho do Justiceiro, toda costurada e numa cadeira de rodas. Visivelmente perua debilitada com problemas mentais, constrangedor para o garoto. Ela foi buscá-lo debaixo de sermões, paranóias e gritos, deixando-o mais constragido ainda. Um garoto deu uma zuada nele e terminou com uma pá na boca, o Thomas desceu a peça na cabeça do engraçadinho. Isso rendeu mais dores de cabeça, reclusão, reunião com psicólogo…
Podemos ver a existência da mãe de Thomas tornando-se um visível e compreensível incômodo, assim como pudemos ver a existência de Bruce Wayne ser um empecilho na vida do Batman nas sagas “Assassino? / Fugitivo”. Deixemos claro que não estou dizendo que ele querer a morte da mãe é compreensível. Estou dizendo que dá pra notar o que o motiva, não que isso justifica.
Para exemplificar bem a maluquice do Silêncio, ele disse que Bruce foi abençoado em ter ficado órfão, que enquanto Bruce viajou o mundo em busca de conhecimento, ele ficou limpando a baba de um velha louca e impertinente.
Enquanto ele narra essa parte, os zumbis tiram a máscara do Batman e… Não é o Bruce. Bruce ainda é o rei da escuridão, conseguiu tempo suficiente de disfarçar outro sujeito com seu uniforme e tapeou o Silêncio.
Bruce dirigiu-se originalmente para ir até sua bat-familia avisar que o Silêncio poderia atacá-los, mas deu de cara com um assalto a banco no meio do caminho e juntando o útil ao agradável chamou Asa Noturna e Robin para “ajudá-lo”.
009Depois de dar o aviso houve um comentário interessante por parte do Bruce. Ele disse que deveriam tomar cuidado sim com o Elliot, uma vez que ele não era como o Ra’s Al Ghul que mantinha os segredos deles devido a um “senso deturpado de honra”. É esse senso de honra que me faz achar o Ra’s Al Ghul um dos melhores vilões do Batman.
Zatanna aparece na história totalmente aleatória como uma vidente de rua e tal, e enquanto conversa com Selina a paisana, Silêncio a observa de binóculo enquanto fala com alguém que ele chama de “mentor”. Qual será o plano do Silêncio? Ele quer atingir Batman no “coração”, e à distância. Um simples tiro não é do feitio de um cara perturbado como o Silêncio, mas só esperando pra ver.
010Nos próximos quadros já podemos deduzir qual é a idéia do cara. Ele invade o apartamento de Selina e a ataca. Selina não é qualquer mulher, claro que ela reage, ambos voam pela janela brigando. Ela diz ser uma dama, Silêncio rasga o verbo e a compara as “demais vadias” que passaram na vida de Bruce Wayne ao longo dos anos.
Realmente, Bruce não se acerta com uma mulher tranquila. Teria se acertado com a Sasha Bordeaux. Eu vou morrer falando dela, achei a personagem incrível. Mas como eu estava dizendo, as mulheres da vida do Bruce não são do tipo “tranquilas”. O Bruce também não é nenhum sujeito “comum”.
011O casal Bruce x Selina é um dos mais… “promissores” talvez. Eles estão praticamente do mesmo lado agora, apesar de Selina não ter deixado os furtos, Bruce também não tá ligando muito, se estivesse é ÓBVIO que já teria pego a Selina e prendido. Se ela ainda está a solta e roubando é porque há conivência do morcego.
Ambos curtem uma roupa apertada, sair a noite, viver perigosamente, dar porrada em marginais, ambos são teimosos e tem personalidade difícil, ambos lutam bem… São um bom casal e ao mesmo tempo não são bem “Jack e Rose” no Titanic. Vocês nunca vão ver o Bruce dançando no convés de um navio rindo a noite nem a Selina dizendo “Me desenhe como uma de suas francesas” usando só o Coração dos Oceanos no pescoço (se virem me avisem).
A briga prossegue e eu não duvido nada de que Selina levaria a melhor em cima do Silêncio, mas ao rasgar as bandagens do Sr. Pinel e ver o que havia debaixo delas… A surpresa fica cravada no rosto da Mulher-Gato, não tão firme quanto a faca do Silêncio se crava em seu corpo em seguida.
Bruce nem imagina o que estava acontecendo com Selina, pois estava atrás de um menino chamado Colin, que estava sob posse do Espantalho em uma caverna. O Dr. Crane armou bonito, montou um mecanismo que injetou veneno no garoto assim que Batman se aproximou, mas não era simples veneno, era algo como o veneno do Bane, o garoto cresceu pra tudo que era lado, e junto de sua musculatura cresceu também a selvageria. O garoto atacou o Batman pra valer, e chegou a acertá-lo algumas vezes. Crane apenas observa.
012Enquanto isso, no hospital do Silêncio… Selina está desacordada na mesa de operação, e o dono do hospital está prestes a operá-la. Seria uma honra um grande médico que ainda era dono do hospital se responsabilizar por sua operação, caso a operação fosse necessária, claro. E se o médico não fosse um doido varrido querendo se vingar de alguém usando você como ferramenta.
Batman numa jogada quase de psicologia consegue amarrar Crane e deter o suplemento do Veneno do menino. O morcego dá uma prensa no Espantalho, e ele revela que tudo foi parte do plano do Silêncio, que só queria distraí-lo com isso. Batman sai de lá mais perturbado que o de costume, pensando no pior.
Não demorou muito até uma chamada da Oráculo o avisar do resultado das peripécias carniceiras do Silêncio. Barbara avisou que uma ambulância largou um corpo na frente da emergência do hospital e que o motorista fugiu. Bruce pergunta já tomado pelo nervosismo, e Barbara revela que é Selina.
O Batmovel cantou mais pneu que carros populares de brasileiros que fazem pega em avenidas, achando que tão próximos de ser o Vin Diesel. O morcego deu uma de Wally West e em pouco tempo estava na porta do hospital.
Ele entrou sem fazer cerimônia, passando no meio dos médicos e paciêntes que por sua vez olhavam assustados, como quem vê uma lenda tornando-se real aos olhos. Jim Gordon já estava lá, Selina foi internada,viva, ou como diria o Gordon “viva, de alguma forma”. Silêncio retirou seu coração.
O quadro maior, de Selina ligada nas máquinas, e Bruce apenas segurando a borda da cama… Muitos detalhes. O Batman em si estáquase inteiro coberto de sombras, mas ao mesmo tempo passa claramente o que o personagem estava sentindo. De alguma forma, não me pergunte como. Talvez o roteiro tenha construído bem o “caminho dos fatos” até ali.

Selina
Imaginarama ira do morcego naquele momento? Quem não conseguiu, conseguirá agora. Batman vai ao Arkham, onde Crane acabou de ser levado. Lá está o Coringa de enfeite na cena, e degrau pra uma das coisas mais engraçadas que já sairam de uma cena estilo essa.
Batman adormece os dois guardas que levam Crane, mete um chute na cabeça do homem jogando-o de cara no vidro da cela, arranca o fio da lâmpada logo acima, estica até a privada e enfia o fio dentro junto da cabeça do Crane, dando um choque memorável no cidadão. A seguir o morcego pergunta onde estava o Silêncio, Crane diz que não lembra, Batman põe o fio na garganta dele, dando outra decarga elétrica, o Coringa assiste os choques sentado e diz “Juro por deus que isso é melhor que o natal”, e eu aqui comecei a rir de uma das cenas mais sérias e detalhadas de violência do Batman contra alguém que no momento está indefeso.

Crane
Geralmente, mesmo que eu vou você estejamos armados até os dentes, perto do Batman ainda estamos indefesos. Ele iria nos fazer cagar do avesso, e falando em avesso, o Crane continuou levando choques, até que desmaiou. Batman o jogou como um pedaço de pano velho pro lado, e o Coringa fechou a cena com chave de ouro dizendo “Sei que nós temos nossas diferenças, mas admito que é um prazer assisti-lo trabalhar. Sério.”.
014Eu gosto de ver os vilões tratando o Batman com essa… “Racionalidade” de que nas devidas circunstâncias, não se ganha nada indo pra cima dele. É como ver as conversas do Batman com o Pinguim, ou ver o “respeito” que qualquer outro vilão das antigas tem. Gosto desse comportamento onde o vilão não ataca qualquer coisa vestida de morcego igual um cachorro louco inconsequente faria. Pra eles, ou o plano é bom o suficiente pra peitar o morcego, ou é melhor considerá-lo um problema a evitar. Quem viu o filme Tróia vai lembrar quando o Rei Príamo de Tróia foi buscar o corpo de seu filho Heitor nas praias tomadas pelos gregos. O rei foi sozinho no meio da noite na tenda do Aquiles, e durante a conversa disse “Mas até mesmo os inimigos podem demonstrar respeito”. De certa forma essa passagem mudou alguns conceitos meus e eu passei a admirar o respeito em formas que eu nem cogitava. Mas isso não vem ao caso.
Batman dá uma amostra de que é um sujeito com contatos. Estão no hospital em nome do morcego o Dr. Midnite, ou Meia-Noite, um herói/médico dos bons, e o Mister Terrific, cujo nome verdadeiro é Terry Holt. Ambos membros da Sociedade da Justiça (não confundam com a LIGA da Justiça, são grupos diferentes), O Terrific diz que o nível da ciência aplicada ali é coisa do patamar do Lex Luthor ou até de Apokolips.
015Pra quem não sabe uma faísca fora do universo morcego, Lex Luthor é aquele camarada vilão mais famoso do Superman. Maioria o conhece pelo terno, outros pela rídicula armadura verde do Megaman, ou mais frequentemente pela careca mais lisa que o bolso do Peter Parker. E Apokolips… Bem, isso é uma história mais longa, mas trata-se do planeta natal de Uxas, o sujeito que veio a se tornar Darkseid, um dos maiores vilões do universo DC, uma entidade conhecida e declarada como “Novo Deus”. É, o Darkseid não é lá um sujeito pra se ter de exemplo, mas pelo menos ele não enviou nenhum video pro youtube fazendo Harlem Shake.
Explicações dadas, prosseguimos.
Todos nós sabemos o que acontece quando o morcego entra em fúria. O homem é capaz de arruinar uma cidade inteira. E o Silêncio mexeu logo com sua amada da vez. Esse “da vez” deixou o Batman parecendo um muleque piranha. Mas vamo que vamo.
Podemos ver em mais um flashback a relação dele com sua mãe já com certo tempo passado. Ele jogou na cara dela algo que não tinha ficado claro nas primeiras lembranças do Silêncio… Seu pai o batia a ponto dele ficar rastejando ensanguentado, e a mãe ao invés de ajudá-lo ou sumir com o garoto… Ficava recitando Aristóteles e frases de conforto para superarem aquilo. Tudo para não perder o dinheiro e conforto. A boa vida e conforto foram pagos com o sangue do Silêncio.
016Agora as coisas já soam tão “em vão” quanto antes… Ele realmente tinha que tomar uma decisão. Não a de matar os pais, óbvio, mas enfim… Como vamos julgar se não estivemos no lugar? “Antes de julgar minha vida ou meu caráter, calce meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri”, Clarice Lispector.
Batman estava disfarçado de enfermeiro no hospital do Silêncio (e vê-lo com aquela touquinha branca por cima do capuz de morcego foi único), ele deu uns cacetes no Silêncio, voaram por uma escada, e após isso Batman questiona “Porque Selina?”, e o Silêncio prontamente responde “Eu sei o que aquela vagabunda de rua representa pra você, mesmo que você negue até pra si mesmo”, completando com “Não impota com quem você esteja, diplomata, socialite, aberração superpoderosa, só uma mulher tem seu coração. E agora eu tenho o coração dela”.
017Silêncio não só revelou ser bom médico e psicopata como também é quase o Hitch, conselheiro do amor. Ele tinha que dar uma avaliada no Dick Grayson também, ver logo quem é a dona do coração do acrobata.
O Silêncio é um humano, não tem “técnicas de combate”, ele só foi capaz de orquestrar um plano e chegar até onde deu, Batman confronta seres de outros planetas, claro que ele ia sair por cima e o Silêncio SABE disso. Ao ficar rendido diante do Batman ele entrega os pontos. Disse que simulou aliança com o Sr. Frio, que descobriu tudo sobre o coração após ter que tirar o marca-passo que o Coringa implantou nele, que ele já estava com o hospital e esse plano feito desde o último encontro deles, mostrou o coração da Selina e disse que podia pegá-lo e levar ele embora. Mole, né? Nem tanto.
Batman o tempo todo esteve aspirando um composto que paralisava os movimentos, e acabo ficando de fato paralisado e caiu no chão. Silêncio revela sua face por baixo das bandagens… Bruce Wayne. Exatamente. Por isso Selina deu uma travada ao rasgar as bandagens e acabou sendo atingida. Silêncio não só recriou o rosto do Bruce em si próprio como também queria destruir o rosto do Bruce verdadeiro.
018O Dr. Elliot então dirigiu-se para a mansão Wayne, onde tentou se passar pelo Bruce e dar uma cama de gato no Alfred, mas sem sucesso, pois o Bruce original ligou do carro avisando tudo. Alfred e Elliot lutam, de início o Alfred levou a melhor pelo fator surpresa do primeiro golpe, mas depois a situação se inverteu. Elliot ainda deduziu que a entrada da caverna era na biblioteca pelo relógio, pois Alfred parecia estar evitando que ficassem ali, e ele estava mexendo no relógio antes de tudo.
O flashback seguinte da história não é para anos atrás, mas sim alguns minutos de volta ao hospital onde Batman foi “paralisado”. Silêncio explica toda ligação do Mr. Freeze na história, e o Batman numa jogada esperta, se aproveitou do olho grande de Elliot e lhe deu uma cabeçada. Silêncio simplesmente saiu de perto e deixou o morcego paralisado pra morrer na mão de seus capangas. Mas ele é o Batman, arrancou o colar do Silêncio, pegou sua máscara de gás e desceu o cacete em todo mundo. A seguir, já em contato com o Mr. Terrific (Sr. Incrível na tradução, igual no filme “Os Incríveis”) explicou todo o procedimento, disse que o batcomputador ia mandar informações, deu a localização do Coração da Selina e blablabla… E de volta ao presente Bruce atravessa a janelada mansão Wayne direto em cima do Silêncio.
019Ele rola a escadaria da caverna e cai na dita cuja. Lá embaixo confirmamos o que já era praticamente certo. Elliot morre de inveja do Bruce. Ao se deparar com a caverna fechou a cara e disse “Bruce, seu desgraçado! Isso é magnífico!”, e continuou detalhando o que via naquele curto espaço de tempo, as lanchas e submarino no rio, “um carro para cada humor”, um computador do tamanho de um telão… Mas suas observações já tão conhecidas por nós cessaram com um ataque surpresa do morcego.
A perseguição se estende pela caverna, eles brigam, Silêncio consegue enfaixar seu rosto de novo e ainda joga Bruce em cima da “vitrine” onde guarda seus objetos colecionáveis. E cá entre nós, quantas mil vezes alguém será jogado em cima da vitrine do uniforme do Jason Todd? Haja paciência, é sempre a mesma coisa. Todo mundo já atravessou aquela vidraça pelo menos uma vez na vida. Só falta o próprio Jason ser jogado ali.
Alfred põe o robozão de t-rex pra ir atrás do Silêncio, mas ele derruba o bicho a tiros de pistola, pistolas essas que deveriam ser as do Juiz Dredd, pra derrubar um bicho daqueles… mas OK, essa cena estranha logo foi apagada pela chagada de Robin e Asa Noturna, eles atacam o Silêncio e e o cara simplesmente se livra dos dois, e ainda se livra do Batman também, conseguindo começar uma fuga em um dos transportes voadores que estavam na caverna.
Foi necessário o Batman se agarrar no negócio e fazer as faixas do Silêncio enrolarem na hélice e o veículo se chocar nas paredes da caverna, causando uma explosão. Só valeu pela frase do Batman “Porque acha que eu tirei a capa?”
Depois do confronto final (Na boa, ou o roteirista merece a forca, ou a familia morcego merece uma temporada de treinamento, ou o Silêncio merece uma medalha), Bruce conta ao Alfred uma passagem o que o Elliot citou um tempo antes, e o Alfred completou dizendo que o sujeito não falou por inteiro. O final omitido dava outro contexto, deixarei para vocês conferirem. Já no hospital, o Dr. Midnite conclui a operação com sucesso, Zatanna dá um auxílio mágico pra Selina se recuperar mais rápido e melhor.
020Bruce vai ao hospital a paisana, sem a couraça de morcego. Selina deitada em repouso, Bruce rasga o verbo em uma declaração que termina em um “Sempre te amarei”, e quando ele já estava indo embora, ela diz que estava acordada, ele volta e eles se beijam.
Uma história clássica onde no final o mocinho e a mocinha se beijam? Não tão clássica, pois no encerramento da história Selina estava na praia tomando sol e birita gravando uma mensagem de video para o Dr. Thomas Elliot. Uma mensagem explicando a vingança dela. O que importava mais pro Silêncio? Dinheiro. Foi a razão de tudo em sua infância.
[Alerta de spoiler! Se deseja ler, selecione o texto a seguir]. Selina com ajuda de pessoas que lhe deviam favores conseguiu contas bancárias da familia Elliot (com a Oráculo), desvendeu todos esconderijos onde Elliot escondeu dinheiro pela casa (Hera Venenosa), um monte de negociações onde o Elliot se ferra (com o Pinguim) deu dica de assalto a banco para levarem o que estava depositado (Arlequina), e ainda colocou o detetive do caso da morte de seus pais em sua reta novamente.
Os milhões? Selina usou para ajudar todos os moradores de rua que Elliot manteve dopados no hospital, doou parte para um abrigo de mulheres que sofreram abuso, uma parte pegou pra si… E esse foi o fim da riqueza de uma das três famílias mais ricas de Gotham se desfez da noite pro dia
A história encerra de fato com o Silêncio asisstindo esse video, quebrando a TV onde viu, e sumindo no escuro de uma viela, usando uma muleta.
[Fim do spoiler]

Nota da Jéssica
Destaque para a arte das capas. O Dustin Nguyen é, atualmente, meu artista preferido. Adoro o trabalho dele na série Lil’ Gotham. Destaque para o seu trabalho nas capas desse arco:

CAPAS

Essa HQ tem um clima noir bastante interessante. Nela somos levados a observar o que acontece quando os vilões atingem o ponto fraco de Batman: seus amados. Batman fica cego de fúria e não mede esforços para salvar os que ama e punir os que causaram o mal aos seus conhecidos. Podemos dizer que os ataques diretos a Batman são “código laranja”, ele não deixa barato, mas os ataques à Bat-família e a todos os envolvidos são “código vermelho”, ele não perdoa sequer a suposição de que alguém possa feri-los. Não é raro ver aqueles que conheceram intimamente Batman apelando para essa tática suja. Pensando aqui rapidamente posso lembrar de “Batman: Sob o Capuz“, em que Jason Todd explode um composto químico sobre Bludhaven (a cidade em que Dick Grayson mora), ou também “A Ressurreição de Ra’s Al Ghul“, em que Batman ataca Ra’s sibilando a frase “Não encoste um dedo em meu filho!”.
Silêncio sabia que Batman se recuperaria de qualquer ataque físico, que se esquivaria ou se restauraria, então decide atacá-lo emocionalmente. No coração, de fato. É uma tática bem pensada – típica de quem passou a adolescência toda estudando raciocínio e estratégia.

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